O Porto do Recife, dada a sua posição geográfica e maior proximidade com a Europa, tornou-se historicamente um dos mais importantes do Brasil.
O trânsito de navios oriundos de todas as partes do mundo era muito intensa e também a Cidade do Recife representava um importante centro comercial, atraindo muitos estrangeiros. Como uma importante cidade do Brasil Colônia, depois Brasil Império e, por fim, Brasil República, o Recife apresentava-se como um lugar efervescente e de novas oportunidades.
Como conseqüência deste fato histórico, muitos ingleses se transferiram para o Recife, formando uma expressiva colônia com fortes negócios na cidade, tais como casas de comércio, escritórios, bancos e concessionárias de serviços públicos, tais como a Western Telegraph Company (que possibilitava o contato com o mundo, através do cabo submarino), Pernambuco Tramways and Power Company (que interligava o Recife, com os seus trens, às demais cidades de Pernambuco e do Nordeste), Huascar Purcell, Pernambuco Paper Mills, Western of Brazil Railway Company, Price Waterhouse, Machine Cotton, John A. Thom (negociante de algodão, borracha, açúcar, mamona, cera), Cory & Brothers, Bank of London & South America, London & River Plate Bank, Royal Bank of Canada, Boxwell & Cia. (o maior estabelecimento de enfardamento de algodão), Williams & Cia. (exportadores de açúcar e algodão), Conolly & Cia. (casa de câmbio), Ayres & Son (representante de várias firmas e fabricantes), e White Martins.
Basta dizer que os ingleses possuíam um cemitério que existe até os dias de hoje – o Cemitério dos Ingleses, na Av. Cruz Cabugá –, edificaram uma igreja anglicana – a Holly Trinity Church, na atual Av. Conde da Boa Vista –, construíram um hospital – o British Hospital, que funcionava na Rua da Imperatriz –, criaram o Caxangá Golf Club e até mesmo, a partir da prática do esporte bretão pelos funcionários da Great Western e da Western Telegraph, deram origem ao Sport Club do Recife, o primeiro clube de futebol da cidade, fundado em 13 de maio de 1905.
Os ingleses que aqui moravam mantinham relações de amizades com as famílias mais abastadas da sociedade recifense. Desta sorte, alguns de seus hábitos influenciaram culturalmente a cidade.
Bem, esta breve digressão histórica foi feita para que as noivinhas possam entender por que motivo o bolo de casamento que costumeiramente encontramos nas cerimônias e recepções pernambucanas é totalmente diferente do encontrado no restante do país.
Primeiro, o nome é “Bolo de Noiva” mesmo!
O nosso bolo de casamento, ou melhor, Bolo de Noiva, é uma variante do bolo inglês e leva ameixa, passas, frutas cristalizadas e vinho tinto ou do Porto. Houve a substituição da cereja e do vinho inglês.
Eu mesma nem sabia que o Bolo de Noiva só era comum em nossa região. Desde criança eu sempre achava que todo casamento teria bolo de noiva. Somente depois de adulta é que descobri que aqui em Pernambuco temos o nosso Bolo de Noiva.
A massa é escura, encorpada e molhadinha, mas levemente fofa. O gosto é forte, mas maravilhosamente saboroso. Escolher outro tipo de bolo de casamento, aqui em Pernambuco, é uma heresia imperdoável! Só pode ser o Bolo de Noiva!
É totalmente diferente do tipo de bolo de casamento que é comum no sul e sudeste do país – bolo de chocolate ou bolo de massa branquinha, aerada, do tipo pão de ló, com recheio de doce de leite ou de nozes. Definitivamente, um bolo nesses padrões não faz sucesso por aqui...
Além da massa em estilo de bolo inglês, o Bolo de Noiva pernambucano genuíno tem que ser confeitado com o tradicional glacê de açúcar e limão.
Pasta americana, de jeito nenhum!
Aliás, essa pasta americana só tem a finalidade de permitir uma confeitaria mais elaborada, porque o gosto... é uma negação. Nada comparável a um glacê tradicional bem feito!
E com o passar dos dias, o bolo fica ainda mais gostoso! A massa fica com um gosto mais forte de passas, ameixa, frutas cristalizadas e vinho. É uma delícia uma fatia de Bolo de Noiva com café passado na hora!
A tradição manda que os noivos congelem e guardem um pedaço do bolo de noiva para comer no primeiro aniversário de casamento. É uma superstição que garante a permanente felicidade e a longevidade do casamento.
A minha “boleira” ou Cake Designer predileta é Ana Isabel Figueiredo. No entanto, além dos contatos dela, vou deixar também o de outras “boleiras” conhecidas aqui em Recife, que também fazem Bolos de Noiva maravilhosos.
Ana Branco - (81) 3227-7229
Ana Izabel Figueiredo - (81) 3445-1820
Carminha do Céu - (81) 3463-6133
Cássia Pereira - (81) 3442-9087
Edma & Ziemi - (81) 3265-7600 - 3269-1865
Jane e Eliane Asfora - (81) 3221-4363
Mãos de Fada - (81) 3265-2504
Socorro Cruz - (81) 3241-8260
Suely Vieira - (81) 3341-0336
Um beijo e até o próximo post!
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